Alternativas para as consequências lógicas

Por Dra. Jane Nelsen em www.positivediscipline.com/blog
Tradução e adaptação: Juliana Palma
Colaboradora na tradução: Fernanda P. L. Damiani - www.psicologafernandapld.com

A punição (mesmo quando mal disfarçada de consequência) é usada para fazer as crianças PAGAREM pelo que fizeram no passado.

A Disciplina Positiva foi desenvolvida para ajudar as crianças a APRENDEREM no futuro.


1. Concentre-se no futuro em vez do passado: Uma pista de que estamos mais interessados em punição (em nome das consequências) é quando o foco está no passado e não no futuro. O foco é fazer com que as crianças "paguem" pelo que fizeram (punição mal disfarçada) em vez de buscar soluções que as ajudem a "aprender" no futuro.

2. Concentre-se em soluções em vez de consequências: Em vez de impor consequências lógicas, envolva as crianças a pensar em soluções. É um erro acreditar que deve haver uma consequência lógica para todo comportamento, ou mesmo que uma consequência lógica resolverá todos os problemas.

3. Envolva as crianças nas soluções: As crianças são nosso maior recurso inexplorado. Elas têm uma rica sabedoria e um grande talento para resolverem problemas quando as convidamos a fazê-los.

Os benefícios disso são inúmeros. Elas têm a oportunidade de usar e fortalecer suas habilidades e são mais propensos a manter os acordos que elaboraram. Eles desenvolvem autoconfiança e autoestima saudáveis quando são ouvidas, levados a sério e valorizadas por sua contribuição. Eles experimentam pertencimento (conexão) e significado. Quando se sentem pertencentes e importantes, são menos inclinadas a se comportar mal, como também, mais dispostas a aprender com seus erros com otimismo.

4. Ajude as crianças a explorar as consequências de suas escolhas por meio de perguntas curiosas (em vez de impor consequências a elas): Explorar é muito diferente de impor. As perguntas de curiosidade ajudam a explorar as consequências das escolhas com foco na solução.

O que aconteceu? O que você acha que causou isso? Como você se sente em relação a isso? Como você acha que os outros se sentiram? O que você aprendeu com isso? Como você pode usar o que aprendeu no futuro? Que ideias você tem para resolver o problema agora?

Estes são apenas exemplos, não os use como um roteiro fixo. Esteja presente no agora e tenha curiosidade em “entrar no mundo da criança”.

Isso é muito diferente de quando os professores dizem às crianças o que aconteceu, o que fez com que isso acontecesse, como elas deveriam se sentir e o que deveriam fazer a respeito.

Educar é derivada da raiz educare, que significa "extrair". Com muita frequência, os adultos tentam “enfiar” e depois se perguntam por que suas palavras entram por um ouvido e saem pelo outro.

5. Permitir consequências, em vez de impor consequências (punição): Se uma criança não estuda, a reprovação pode ser a consequência óbvia. Permita que a criança experimente seus sentimentos. Evite resgatar. Mostre empatia. Quando a criança estiver pronta, use perguntas curiosas para ajudá-la a explorar o que as consequências significam para ela. O que ele deseja para o futuro? O que ele precisa fazer para realizar o que deseja?

6. Permita que sofram: Os adultos nunca devem fazer as crianças sofrerem, mas devem permitir que elas sofram. Por meio do sofrimento, eles podem desenvolver seus "músculos da decepção" e adquirir um senso de capacidade no processo. Por exemplo, se as crianças não conseguirem os brinquedos que desejam, podem "sofrer". Esse tipo de sofrimento não irá prejudicá-las e, podem ter grandes benefícios.

Os grandes benefícios vêm de usar as muitas ferramentas da Disciplina Positiva que ensinamos: validar sentimentos sem resgatar, usar a pausa positiva e, então, envolver as crianças em soluções, envolver as crianças em soluções antecipadamente, por meio de reuniões de família/classe, quadro de rotinas, rodas de escolha, decidir o que você vai fazer e deixar as crianças saberem o que você vai fazer e depois prosseguir, fazendo perguntas curiosas, para citar algumas.

7. Decida o que você vai fazer e informe com antecedência: “vou ler quando todos estiverem prontos para ouvir”, “vou ouvir quando você falar em voz baixa”.

8. Prossiga (feche a boca e aja com gentileza e firmeza).

9. Assim que ________ então _____. “Assim que você limpar, então você poderá ir lá fora."

10. Menos é mais! Quando as consequências forem apropriadas, use a fórmula: Oportunidade = Responsabilidade = Consequência

Para cada oportunidade que os alunos têm, existe uma responsabilidade. A consequência óbvia de não querer a responsabilidade é perder a oportunidade. Os alunos têm a oportunidade de usar o equipamento do parquinho da escola durante o recreio. A responsabilidade é tratar o equipamento e outras pessoas com respeito. Quando pessoas ou coisas são tratadas de forma desrespeitosa, seria uma consequência lógica para aquele aluno perder a oportunidade de usar o equipamento do parquinho até que ele ou ela esteja pronto para ser respeitoso novamente.

Essas consequências serão eficazes apenas se forem aplicadas com respeito e se as crianças tiverem outra chance de usar o equipamento assim que estiverem prontas para a responsabilidade. Isso não significa que eles devem perder o recreio, e sim, fazer outra coisa que não requeira o uso do equipamento.

No entanto, mesmo neste caso, pode ser mais eficaz focar em soluções imediatas: Qual foi o nosso acordo sobre o uso respeitoso dos equipamentos do parquinho? Vocês dois poderiam encontrar uma solução para o seu conflito na Roda de Escolhas? Você estaria disposto a incluir este problema na agenda da Reunião de Classe?

11. Invista tempo em treinamento: Ofereça muitas oportunidades de treinamento de habilidades. As Reuniões de Família/Classe são ótimas oportunidades para envolver as crianças no compartilhamento de ideias sobre como tratar o equipamento e as pessoas com respeito. É incrível ouvi-los dizer muitas coisas sobre as quais foram “ensinadas” que pareciam “entrar por um ouvido e sair pelo outro”. É muito poderoso quando as ideias vêm deles.

12. Observe e espere: Muitas vezes, as crianças resolvem seus próprios problemas, se tiverem tempo. Caso contrário, aguarde um momento propício, sem conflitos. Só então, concentre-se nas soluções.

A SEGUIR CONSTA UMA VARIEDADE DE FERRAMENTAS ALTERNATIVAS ÀS CONSEQUÊNCIAS LÓGICAS:

• Perguntas curiosas para ajudar a crianças a “explorar” as consequências de suas escolhas;
• Decida o que você irá fazer;
• Aja sem palavras;
• Reunião de família;
• Assim que ______, então ______;
• Faça o acompanhamento;
• Erros como oportunidades de aprender;
• Invista tempo para treinamento;
• Desapegue;
• Permita que as crianças experimentem consequências naturais
(diferente de impor
consequências);
• Evite mimar, concertar ou resgatar.

CONSEQUÊNCIAS LÓGICAS – CITAÇÕES DO LIVRO: “CHILDREN THE CHALLENGE” DE RUDOLF DREIKURS

Quando usamos o termo “consequências lógicas”, os pais frequentemente o interpretam erroneamente como uma nova maneira de impor suas exigências aos filhos. As crianças veem isso pelo que realmente é – uma punição disfarçada (p. 80).

Se as consequências lógicas são usadas como ameaça ou “impostas” em momentos de raiva, elas deixam de ser consequências e se tornam punições. As crianças são rápidas em discernir a diferença. Elas respondem a consequências lógicas; elas revidam quando são punidas (p.79).

As consequências lógicas não podem ser aplicadas em uma disputa por poder, exceto com extrema cautela, porque geralmente se deterioram em atos punitivos de retaliação. Por esse motivo, as consequências naturais são sempre benéficas, mas as consequências lógicas podem sair pela culatra (p. 84).

Se, no entanto, o pai está envolvido em uma disputa por poder com o filho, ele tende a usar as consequências lógicas como punição e, isso custa a perda da eficácia do método (p. 85).

Não há nenhuma conexão lógica se a mãe nega a Bobbie assistir seu programa de televisão favorito porque ele falhou em levar o lixo para fora... Por outro lado, se Bobbie não consegue completar suas tarefas de sábado no momento em que o time de bola se reúne, é bastante lógico que ele não possa entrar em campo até terminar o trabalho (p. 85) (Assim que ...).

Se, no entanto, a mãe acrescentasse: “Talvez isso seja uma lição para você”, ela imediatamente transformaria a “consequência” em punição (p.77) (Evite dar sermão).

Sempre há um pai que se comporta mal quando um filho desenvolve um problema de alimentação (p. 78) (Decidir o que você fará fazer e faça).

Decidir se usar uma consequência lógica será válido requer um pouco de reflexão. Precisamos apenas nos perguntar: "O que aconteceria se eu não interferisse?" (p. 81) (Consequências naturais).

Às vezes, o problema pode até ser resolvido discutindo-o com as crianças e vendo o que elas têm a oferecer (p. 85) (Envolva as crianças).

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