Controle seu comportamento - Como usa esta ferramenta da Disciplina Positiva?

Por Dra. Jane Nelsen em www.positivediscipline.com/blog
Tradução e adaptação: Marília Barini
Revisão: Bete P. Rodrigues, Jusley Valle

A carta da ferramenta do Baralho de Disciplina Positiva "Controle seu Comportamento" às vezes é mais fácil de falar do que de fazer. Você já perdeu o controle de seu comportamento com seus filhos?
Felizmente, podemos usar a ferramenta parental de Reparação de Erros quando perdemos o controle de nosso comportamento. Mas é sempre melhor se pudermos encontrar maneiras de evitar perder o controle, em primeiro lugar.
As sugestões listadas na carta de ferramentas são:

1. Crie próprio espaço para se acalmar e avise seus filhos quando você precisar usá-lo.

Alguns pais ficam desconfortáveis com esta solução, especialmente quando lidam com crianças mais novas. Mas se seus filhos são mais velhos e você pode configurar esse sistema com antecedência, ele pode ser bastante eficaz. É quase impossível resolver problemas no momento do conflito, quando tanto a criança quanto os pais “abriram suas tampas”. O resultado é o distanciamento e os sentimentos feridos.
Geralmente seguidos de culpa!
Por que não deixar seus filhos saberem que você está dando um tempo? Retire-se da situação e recupere seu centro antes de tentar resolver o problema. Como você usa o seu tempo é uma escolha sua. Talvez você possa ir para o seu quarto. Talvez você vá dar uma volta no quarteirão. Talvez ligue para um amigo próximo e fale sobre o problema. Seja qual for a sua decisão, o importante é reservar um tempo para se acalmar antes de abordar o problema.

2. Se não puder sair de cena, conte até 10 ou respire fundo.

Esta é uma boa solução se tiver filhos mais novos ou a situação exigir sua presença. Também não há problema em compartilhar o que você está sentindo. "Estou com tanta raiva agora, preciso me acalmar antes de conversarmos."
As crianças precisam saber que está tudo bem com o que elas sentem, mas que nem sempre está tudo bem com o que elas fazem. Você modela isso compartilhando seus sentimentos sem reagir a eles e sem culpar seus filhos por seus sentimentos. Evite dizer: "Você me deixa com tanta raiva".

3. Quando você cometer erros, peça desculpas a seus filhos.

As crianças são generosas quando estamos dispostos a pedir desculpas sinceras quando perdemos o controle. Durante as palestras, pergunto: "Quantas vezes você já se desculpou com uma criança?" Então eu pergunto: "O que eles dizem?" A resposta universal das crianças quando os pais pedem desculpas é: "Tudo bem". Ao se desculpar, você criou uma conexão (proximidade e confiança). Nesta
atmosfera, você pode trabalhar em conjunto para uma solução. Mais uma vez você demonstrou que os erros são oportunidades para aprender e que você pode se concentrar nas soluções.
Para provar que todos cometemos erros, vou contar um exemplo de quando eu perdi completamente o controle com minha filha, ela tinha 8 anos na época. Eu disse: “Mary, você é uma menina mimada!” (isso soa gentil, firme, digno e respeitoso?) Mary, que conhece muito bem os três R da reparação de erros, retrucou: “Bom, não venha me pedir desculpas depois.”
Minha reação foi responder: “Não se preocupe, porque eu não irei.”
Mary correu para o seu quarto e bateu a porta. Eu logo voltei ao meu cérebro racional, percebi o que havia feito e fui para o quarto dela me desculpar. Ela ainda estava brava e não estava pronta para desculpas. Ela estava com seu exemplar do livro Disciplina Positiva e estava muito ocupada escrevendo nele com uma caneta preta. Olhei por cima de seu ombro e vi que ela tinha escrito “falso” no livro.
Eu saí do quarto pensando: “Puxa! Haverá provavelmente outro livro Mamãezinha querida sendo lançado qualquer dia.” Eu sabia que havia cometido um grande erro. Em cinco minutos Mary veio até onde eu estava, timidamente colocou seus braços em volta de mim e disse: “Desculpe, mamãe.”
Eu disse: “Querida, eu também peço desculpas. Na verdade, quando eu te chamei de mimada, eu também estava sendo mimada. Eu estava aborrecida com você por ter perdido o controle do seu comportamento, mas eu perdi o controle do meu próprio comportamento. Eu sinto muito.”
Mary disse: “Está tudo bem. Eu estava mesmo agindo como uma mimada.”
Eu disse: “Bom, eu sei o que fiz para provocar essa ação de sua parte.”
Mary disse: “Bom, eu posso ver o que eu fiz.”
Eu vi isso acontecer várias vezes. Quando os adultos assumem responsabilidade pelo que fizeram para criar o conflito (e para haver conflito são necessárias duas pessoas), as crianças geralmente querem seguir o exemplo e assumir sua parte da responsabilidade. Crianças aprendem responsabilidade quando têm exemplos de responsabilidade.

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