O sucesso na escola começa em casa

Por Melaine R. Miller, M.Ed., School Counselor, Educadora Certificada e associada da Positive Discipline Association
(Traduzido de: https://www.positivediscipline.org/page-279476)

Antes que as crianças possam aprender os "Três R´s", elas precisam das proteções vitais fornecidas pelos "quatro C´s"; conexão, capacidade, significância (counting) e coragem. (Kottman, 1999)

Uma criança que é capaz de se conectar com os outros (conexão), pode cuidar de si mesma (capacidade), sente-se valorizada pelos outros (significância) e tem coragem, tem uma oportunidade de crescer sendo responsável, produtiva, cooperativa, autoconfiante, resiliente, com recursos, capaz de contribuir e feliz. (Kotmann, 1999), E você adivinhou, tem melhor desempenho acadêmico.

Neste artigo, gostaria de me concentrar na parte "capaz" dos "quatro C´s". Pense numa criança que, pela manhã, se veste sozinha, participa da preparação do café da manhã, é incluída na elaboração de soluções para que possa estar pronta às 8h05, é encorajada a assumir riscos, e a quem é permitido cometer erros. Agora pense em uma criança a quem é dito o que usar pela manhã (a mãe veste a criança!); não é permitido ajudar com o café da manhã porque leva muito tempo ou faz muita bagunça; é constantemente lembrada sobre o que ela tem que fazer para estar pronta para a escola; e a quem não é permitido ir andando para a escola com os amigos porque a mãe ou o pai não confiam nela para chegar a tempo.

Qual criança se sente mais capaz? Qual criança vai entrar em sua sala de aula com confiança e com a sensação de poder contribuir e ser uma parte importante de sua sala de aula e do seu aprendizado?

Em nossa sociedade de supermães e agendas lotadas, é muito mais fácil fazer coisas pelos nossos filhos que eles poderiam fazer por si mesmos. Nós todos sabemos quanto tempo uma criança de seis anos pode levar para amarrar seus tênis. Todos nós sabemos como é doloroso ver nosso filho com dificuldade quando aprendem uma nova habilidade ou quando tem um novo problema de matemática. Mas que mensagem transmitimos quando fazemos isso por eles? Poderia ser a mensagem de "você é muito pequeno, deixe alguém maior fazer isso", "eu posso fazer isso melhor que você", "pare de tentar, você nunca vai entender", "você não faz bem, então não se incomode". E essa criança vai para a escola com a crença de "eu não sou capaz, os outros podem fazer coisas melhores que eu, eu vou estragar tudo se eu tentar". Uma criança com essa crença não se sentirá capaz de aprender e não assumirá a responsabilidade pela sua educação.

As crianças nascem se sentindo capazes. Lembre-se do bebê que se esforça tanto para segurar a cabeça enquanto está deitado de bruços, ou a frase favorita das crianças de dois anos "eu posso fazer isso sozinho". Como pais, podemos nutrir e orientar essa jornada de desenvolver capacidades. As sugestões a seguir irão guiá-lo ao longo desse caminho.

  • Pare de fazer para as crianças o que elas podem fazer por si mesmas. O que você está fazendo para o seu filho que, em sua fase de desenvolvimento, ele pode fazer por conta própria?
  • Confie em seus filhos. Tenha fé de que eles são capazes. Quando você quiser intervir e fazer algo por eles que eles podem fazer por si mesmos, pergunte a si mesmo "estou agindo movido pela confiança ou pelo medo?"
  • Permita que seus filhos peçam ajuda, em vez de simplesmente entrar em ação quando estiverem com dificuldades. Dê a eles a dignidade de serem capazes de realizar a tarefa por si mesmos. PERGUNTE se eles gostariam de fazer a atividade juntos ou sozinhos.
  • Ações falam mais alto que palavras. Nós podemos dizer repetidas vezes aos nossos filhos... "você pode fazer isso, você é inteligente, você é capaz". Mas nossas ações expressam essas mesmas palavras?
  • Permita que seu filho contribua com a família. Se o seu filho gosta de cozinhar, dê a ele uma maneira significativa de contribuir para uma refeição em família. Dê a ele tarefas que realmente facilitem seu trabalho; não apenas tarefas que o mantém ocupados enquanto você prepara toda a refeição.
  • Acredite que erros são oportunidades maravilhosas para aprender. Quando seu filho comete um erro, comemore! Reconheça o erro e pergunte ao seu filho o que ele aprendeu com ele. Peça-lhes para ajudá-lo com uma solução sobre como reparar o erro. As crianças se sentem melhor quando não são apenas parte do problema (erro), mas parte da solução (reparação).
  • Modele cometer erros e não se leve tão a sério. Diga "Ops, eu cometi um erro". Compartilhe o que você aprendeu e conte sobre sua solução para repará-lo. Na hora do jantar, todos compartilham um erro que cometeram durante o dia e como o repararam.
  • Faça um brainstorm das tarefas domésticas (contribuições) com seus filhos. Crie uma rotina para fazer as tarefas. Junto com as tarefas domésticas chatas, permita que as crianças façam tarefas que antes eram tarefas exclusivas de adultos. Lembra quando você tinha cinco anos de idade e mal podia esperar para varrer o chão? Era um trabalho apenas para adultos!

Então, quando seu filho for para a escola, dê um grande abraço e um beijo. Diga-lhes para correr riscos, fazer bagunça e cometer muitos erros. E quando eles voltarem para casa e falarem sobre o dia difícil que eles tiveram, dê um abraço e escute, escute, escute. Diga que você confia neles e sabe que eles encontrarão a solução!

*Artigo baseado no trabalho de Disciplina Positiva por Jane Nelsen, Ed. D, Lynn Lott, LMFT, et al.

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